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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:

RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

mentos intuitivos ou subjetivos”. (Santos, 2010, p. 33-34).

No entanto, existe uma luta cotidiana para que o “falso pen-

sar” denunciado por Santos ao se manifestar na práxis do-

-discente seja superado, pois segundo o educador Samuel

(2015), “melhor do que professor passar a receita de como

se faz compota, é a mulher camponesa que não somente

sabe a receita, mas faz a compota e tem um conhecimento

de sua prática, ela teoriza e pratica

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”.

Assim, a experiência surge espontaneamente no ser

social, mas não surge sem pensamento. “Surge porque

homens e mulheres (e não apenas filósofos) são racionais,

e refletem sobre o que acontece a eles e ao seu mundo”.

(THOMPSON, 1987, p. 16). Assim, o conceito de experiência

em Thompson explícita que há uma relação implicada entre

o pensamento e a ação, o que “pressupõe o diálogo entre o

ser social e a consciência social” (FREIRE, 2005).

A reivindicação pelo reconhecimento de seus saberes

e o modo singular como produzem suas experiências con-

vidam a pensar outras relações de poder e saber, ou seja,

outros modos de produção da vida e da existência humana

que não são mitos nem magia, mas oriundos da realidade.

Assim afirmando-se como povos sábios “estão em disputa

contra o conhecimento hegemônico e, também, por outro

padrão de poder-saber”. (Arroyo, 2012, p. 257). Neste ca-

minho as histórias de vida, os sonhos e as esperanças são

tomadas como essência dos processos educativos que se

colocam no desafio de tramar uma educação no campo e

dos/com povos do campo.

Diante dos processos educativos se constituem com

a pretensão de uma forma humana e crítica, Freire (1995)

reflete que não se pode fechar os olhos para as tentativas

e ações que o homem e a mulher realizam no sentido de

constituírem-se ser mais. Assim, o reconhecimento dos sa-

beres e experiências dos povos do campo como referência

epistemológica se coadunam não somente aos princípios da

Educação do Campo, como também da Educação Popular e

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Anotações do Diário de Campo, 27/04/2015.