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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 16 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ÉTICA E ESPIRITUALIDADE

que interpreta e planeja o mundo a partir dos princípios do

mercado. A supervalorização do lucro e da riqueza em detri-

mento dos seres humanos em sua dignidade e valor que lhes

são intrínsecos, demonstra um profundo vazio ético e/ou a

defesa de uma

ética menor

invertendo a própria vocação da

natureza humana. Eis a malvadez inerente à lógica do sistema

capitalista em toda sua reprodução na história humana.

O discurso da globalização que fala da ética escon-

de, porém, que as sua é a ética do mercado e não a

ética universal do ser humano, pela qual devemos

lutar bravamente se optamos na verdade por um

mundo de gente. O discurso da globalização astu-

tamente oculta ou nela busca penumbrar a reedição

intensificada ao máximo, mesmo que modificada,

da medonha malvadez com que o capitalismo apa-

rece na história. O discurso ideológico da globali-

zação procura disfarçar que ela vem robustecendo

a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza

e miséria de milhões. O sistema capitalista alcança

no neoliberalismo globalizante o máximo de eficá-

cia de sua malvadez intrínseca”(Freire, 1997, p. 144).

A superação política dessas condições históricas do

mundo atual somente poderá ocorrer a partir da defesa radi-

cal da ética do ser humano. O processo de libertação política,

econômica, cultural e social requer a fundamentação ética do

processo libertador. A proposta freireana, nesse sentido, con-

verge para a

Ética da Libertação

elaborada por Enrique Dussel

como um caminho sociocultural de reinvenção da vida em

sociedade a partir dos oprimidos. É necessário recriar a cul-

tura que constitui um mundo da opressão e, na maior parte

das circunstâncias históricas, é reproduzida por nós mesmos.

Mas, essa exigência implica em fundamentar o ponto de par-

tida ético não em teorias transcendentais (a exemplo da ética

da modernidade), e sim a partir da realidade de opressão, ou

de toda forma de exclusão que as populações do Terceiro

Mundo sofrem em seu cotidiano diário.

Portanto, a denúncia da perversidade materializada

concretamente nas diversas formas de exclusão dos seres

humanos deve ter como base o compromisso ético-liberta-