Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1944 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1944 / 2428 Next Page
Page Background

1944

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

O desenvolvimento moral é fruto de construções e re-

construções progressivas, que se dão na interação sujeito-

-meio. Do nascimento aos primeiros anos de vida, vivemos

uma ausência de regras, mas, ainda pequenos, somos inse-

ridos em um contexto regrado e iniciamos a construção de

tendências morais.

Piaget ressaltou que ação e consciência moral estão

intimamente ligadas, evoluem no sentido da reciprocidade.

Deixam gradativamente de ser egocêntricas e guiadas pelo

que é externo e vão sendo permeadas pela coordenação

entre o que é bom para mim e o que é bom para o outro.

A consciência chega à autonomia moral quando é capaz de

guiar-se por si mesma, com princípios próprios, mas consi-

derando o todo; a autonomia moral é fruto da lei de recipro-

cidade que a consciência encontra nas relações de coopera-

ção. Para o autor, “é a partir do momento em que a regra de

cooperação sucede à regra de coação que ela se torna uma

lei moral efetiva” (PIAGET, [1932], 1994, p. 64).

No desenvolvimento moral a ação precede a cons-

ciência. Além de todas as características da tomada de cons-

ciência cognitiva, destacadas por Piaget ([1974], 1977), a

tomada de consciência moral envolve questões de afeição

mútua e reciprocidade.

“Na realidade, acreditamos que, mesmo na criança, a

reflexão moral teórica consiste numa tomada de consciência

progressiva da atividade moral propriamente dita” (PIAGET,

[1932], 1994, p. 140).

Aquilo que aparece primeiro na ação pode estar em úl-

timo na consciência, pois a tomada de consciência inverte a

posição das noções. E o juízo que a criança faz de seus pró-

prios atos é bem mais tênue do que o que faz em relação aos

atos do outro, pois a ação do outro aparece mais facilmente

em sua materialidade do que em sua intencionalidade.

A criança pode estar vivenciando, na prática, uma de-

terminada regra de forma mais autônoma, enquanto, na

consciência, para essa mesma regra as tendências sejam

mais heterônomas. Também, pode estar na prática e na