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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1855

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

Em uma sociedade estruturalmente desigual, a educa-

ção precisa refletir essa assimetria, proporcionando instru-

mentos reflexivos capazes de empoderar os sujeitos. Nesse

sentido, a educação popular de matriz freireana assume que

a educação é um ato político e que se desdobra em posi-

ções epistemológicas, metodológicas e teóricas articuladas

com a ação transformadora. Em síntese,

o adjetivo “popular” refere-se ao povo e não à elite.

Povo no sentido mais amplo, não tem nada a ver

com as classes dominantes. Quando dizemos povo

não estamos incluindo neste conceito os industriais

e eu não quero dizer que os industriais não fazem

parte de uma outra compreensão do conceito de

povo, de povo de um país. Eu não tenho o poder de

separá-los como eles fazem conosco. Mas de um

ponto de vista sociológico e político, eles obvia-

mente não são povo (FREIRE, 2008, p.74).

Essa educação do povo, entendida como categoria

sociológica, não é um simples treinamento ou capacitação

instrumental, ainda que não possa prescindir disso na luta

concreta pela sobrevivência dentro do sistema. Para Freire,

a educação tem uma finalidade de conscientizar os indiví-

duos, permitindo uma apreensão mais crítica da realidade.

Então, se educar é conscientizar e essa perspectiva as-

sume como ponto de partida a leitura de mundo dos sujei-

tos sociais, logo a educação é uma ferramenta essencial no

processo de emancipação cultural e material das classes po-

pulares. Essa abertura epistemológica tributária de posição

política do campo democrático e popular permite a aproxi-

mação dos espaços de educação não formal com espaços

de educação popular.

Nascida no seio das lutas populares, dos movimen-

tos sindicais, campesinos e das marchas dos Sem (terra,

teto, comida, amor, dos/as reprovados/as3), o movimento

de educação popular associa-se à construção de um outro

3

Essa foi a linha de Freire em sua última entrevista em 1997 para a TV

PUCSP, quando fala, entre outras coisas, com entusiasmado das marchas

como “andarilhagens históricas”.