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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)

companheiras de trincheira, deu subsídios para enfrentar os

mecanismos bélicos da linguagem acadêmica.

E, Universidade, quando digo “linguagem bélica aca-

dêmica”, por favor, entenda as múltiplas expressões entre as

quais você se faz presente: rituais, mitos, interesses, estética,

intencionalidades produtivistas, a colonialidade de gêne-

ro, metodologias e métodos de linguagem rebuscada que,

entre outras coisas, desprezam os saberes da experiência,

aqueles de “boteco”, que precisam ser colocados em seu

lugar (no “nosso lugar” de desqualificados): o lugar da su-

balternidade de uma cultura letrada colonizadora:

A elite em nome da manutenção da sua liberdade

de privilégios defende uma democracia sui generis

em que o povo é um enfermo, a quem se aplicam

remédios. E sua enfermidade esta precisamente em

ter voz e participação. Toda vez que tente expres-

sar-se livremente e pretenda participar é sinal de

que continua enfermo, necessitando, assim, de mais

“remédio”. A saúde, para esta estranha democracia,

está no silêncio do povo, na sua quietude. Está na

“sociedade fechada”. No imobilismo [...] Rotulam

os que se integram no dinamismo do trânsito e se

fazem representantes dele de subversivos. “Subver-

sivos

”, dizem, “porque ameaçam a ordem” [...] De

um ponto de vista puramente ético, por exemplo,

não houve ordem na sociedade “fechada” de onde

partimos, uma vez que se fundava na exploração

[...] (FREIRE, 1996, p. 63-64).

Freire fala da história de nossa constituição como

uma denúncia de uma cultura que está impregnada em teus

modos, tempos e espaços Universidade. Ter tido a opor-

tunidade de pensar criticamente sobre nossa realidade de

modo integrado com teorias descoloniais que transcendam

as lógicas colonialistas de compreensão de mundo não é

mérito de tuas graças. Mas, contraditoriamente, foi uma ex-

periência acadêmica possível nascida da luta de intelectuais

militantes, aquelas e aqueles que, como eu, possuem uma

história de vida de luta pelas “periferias”, que optaram pela

transformação de uma cultura hegemônica.