Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
Neste capítulo, evoco o movimento teórico-epistemo-
lógico sobre o conceito de convergência, recuperando o debate
conceitual como aporte teórico para pensar, de forma crítica, as
barreiras na circulação de informação impostas pelo Facebook.
Essa discussão teórica é feita a partir da crítica ao caráter tecni-
cista da noção de convergência que se aproxima do posiciona-
mento de Miège (2007), que encara as TICs não como substitu-
tas de meios de massa nesse contextomarcado pela digitalização
de processos. Em relação às TICs que são capazes de originar
novos meios, Miège entende que elas convergem com meios já
existentes a partir de movimentos realizados por grandes gru-
pos de comunicação, o que acaba contribuindo para a transna-
cionalização da comunicação. O papel social das TICs, ainda que
não seja o foco de Miège, é relacionado pelo autor com os usos e
práticas comunicacionais que se modificam a partir de hábitos
culturais e determinações sociais. Dessa forma, não se trata de
ignorar os aspectos técnicos da convergência, cuja importância
é reconhecida para a compreensão de sua totalidade. A crítica
é feita com a intenção de abordar os níveis social e cultural que
incorporam a convergência, para perceber como o conceito evo-
lui e se modifica em função de dinâmicas de circulação que en-
volvem questões de participação e interatividade nos processos
midiáticos. Pretendo, assim, discutir as atuais formas de tráfego
de informação no Facebook como um contrassenso ao ideal de
um processo de convergência no presente contexto midiatizado.
2 As origens da convergência midiática
2.1 Discussão conceitual
A demanda bibliográfica gerada por uma pesquisa
conceitual parte de uma recuperação histórica do fenômeno in-
vestigado, não só no sentido de recuperar a multiplicidade de
definições, mas também para pensar de forma crítica, tentan-
do avançar sobre a produção existente. A estruturação do mo-
vimento teórico-epistemológico para estudar a convergência
nasceu através de uma prática metodológica da atividade de lei-
tura proposta por Kleiman (1989). Exercícios que trabalham a