Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
3 Inferências criativas e indícios
A partir dos materiais, coletamos indícios e buscamos
inferências. O primeiro passo neste sentido de construção é a
construção de figuras (BARTHES, 1981), ou daquilo que um
determinado acontecimento nos evoca, em seus fragmentos.
Através de um exercício reflexivo exaustivo, aproximamo-nos
de várias figuras já conhecidas na cultura, algumas presentes in-
clusive na literatura sobre essa interface (comunicação, meios
midiáticos e saúde). A pesquisa bibliográfica nos permitiu iden-
tificar um núcleo que compõe as narrativas diversas enquanto
ambiente, que pode também ser nominado como phaneron, por
onde transitam os indivíduos conectados em duplo vínculo –
com os meios e com a busca da cura. Este núcleo é idêntico ao
hexágono apresentado por Blanché (2012, p. 147):
Figura 1 - Reprodução, redesenhada, de diagrama de Blanché
Faltam, como destaca Blanché para o francês, os termos
gregos “aphobia” e “aphilia”. Mas esses sentidos estão nas narra-
tivas observadas: o indivíduo desfiliado a uma crença de cura; o
afóbico, sendo aquele que não teme a morte ou a doença, que a
trata, muitas vezes, com uma leveza incompreensível. Portanto,
as figuras conhecidas devem, muitas vezes, ser complementadas
com outras, desconhecidas, inventadas, para a compreensão de
processos subterrâneos que transitam nas interações observa-
das. Quatro das figuras são conhecidas: