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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

industry, religiosity and especially new therapies as a symptom

of social transformations related to mediatization).

Keywords:

Mediatization. Health. Narratives. Abductive think-

ing. Extimity. Amateurs.

1 A constituição do caso

Esta pesquisa iniciou com o objetivo geral de investigar

a constituição das crenças (PEIRCE, 1887) entre indivíduos em

interação em redes online, agrupadas em torno de temas de saú-

de, em estudos de casos. A questão central era: tais comunidades,

em suas interações em dispositivos digitais, superam os paradig-

mas dominantes do campo da saúde e da cura em torno dos temas

câncer de mama e de próstata? Uma das proposições era de que

os usuários não só se relacionam com o tema em si, mas também

com toda uma comunidade virtual que participa do processo de

socialização, numa relação que não é apenas material, mas tam-

bém simbólica, alterando as relações de reconhecimento das inte-

rações com o campo de especialistas (os médicos).

O caso aqui apresentado é construído a partir de diver-

sos níveis de analogias: a) criativas e existenciais, que se referem

às inferências abdutivas a partir de indícios e relações imediatas

e dinâmicas; b) as inferências circulares, relativas aos níveis teó-

rico-epistemológicos acionados por escolhas epistemológicas uti-

lizadas como referência; c) as inferências agonísticas, indicadoras

de uma contribuição à literatura pesquisada em torno de objetos

próximos. Inserimos, nas inferências agonísticas, o diálogo com

a reflexão sobre o lugar do amador, conforme capítulo de Patrice

Flichy neste livro. Porém, o centro não é o amador em si, e sim, por

analogia, as relações médico-pacientes transformadas pela expo-

sição da extimidade – remetendo ao êxtimo, operador semântico

também elencado por Flichy em sua contextualização sobre os

amadores. Conforme Seganfredo e Chatelard:

Êxtimo é um neologismo criado por Lacan para indi-

car algo do sujeito que lhe é mais íntimo, mais singu-

lar, mas que está fora, no exterior. Trata-se de uma for-

mulação paradoxal: aquilo que é mais interior, mais

próximo, mais íntimo, está no exterior (2014, p. 2).