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Observou-se também que uma parte do REEE é dispensada pela população junto com
os resíduos de construção civil (RCC) nas URPV
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ou em caçambas, de onde são enviados
para algum aterro da região não adaptado para receber este tipo de resíduo. Uma parte dos
REEE gerados, principalmente pela indústria, é direcionada para aterros industriais (Classe I -
Resíduos Perigosos). Os REEE também são descartados de forma incorreta e em locais
inadequados (ver Figuras 15 e 16), em encostas, corpos d´água, terrenos baldios e em margens
de rodovias, contaminando o solo e o lençol freático e, por conseguinte, os animais e seres
humanos. Mesmo os aterros sanitários ´convencionais´ não são o local adequado para o
descarte deste tipo de resíduos.
Figura 16
–
Rejeitos do processo de reciclagem de REE dispostos no CTRS da BR-040
Franco (2008) lembra que as substâncias tóxicas estão, em sua maioria, presentes nos
materiais de forma inerte, ou seja, o manuseio dos REEE sem danificá-los em princípio não
contaminaria o meio ambiente e os seres humanos. Ainda assim, atenção especial deve ser
dada aos monitores de televisão, computadores, compressores de aparelhos de refrigeração e
capacitores eletrolíticos que, se desmontados, liberam substâncias contaminantes.
CONCLUSÕES
Em Belo Horizonte não existe um sistema formal de gestão dos REEE, embora já
exista um mercado incipiente que recupera parte desses materiais. O fato do mercado reger a
recuperação dos REEE traz algumas consequências para o sistema: materiais contaminantes,
co
mo baterias, “desaparecem” do processo (são descartados de maneira inapropriada) e
materiais gerados pelos consumidores (pessoas físicas) de maneira pulverizada mostram
baixas taxas de recuperação (a logística de coleta é custosa para as empresas).
Na maioria das cidades da região não se cobra taxa de limpeza pública, sendo,
portanto todos os serviços bancados pelo orçamento municipal. Em particular concernente à
coleta e à disposição de REEE, a situação ainda é mais delicada, visto que as prefeituras não
têm práticas de registro, havendo assim um comércio paralelo, sem controles fiscais e
ambientais. Algumas cooperativas e associações de catadores ensaiam passos para
participarem também da reciclagem destes resíduos, em condições precárias de trabalho e sem
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URPV (unidade de recebimento de pequenos volumes) é o nome dado em BH a pontos aos quais os usuários
podem levar alguns tipos de resíduos sólidos (principalmente poda, objetos volumosos, entulho) em “pequenas”
quantidades (máximo de 1m
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por descarga/dia). Não recebem restos de alimentos, animais mortos, resíduos
líquidos e pastosos (óleo, lama, ácidos, graxas
etc.
) nem resíduos de saúde (SLU, 2014). No começo de 2014,
havia 32 destes equipamentos espalhados pela cidade, a maioria dos quais com problemas de funcionamento,
inclusive devido à precária forma de colaboração dos usuários. Tem sido cada vez mais observado o aporte de
REEE a estes locais.
Carcaça CPU
Carcaça TV
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