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para a digestão anaeróbia, por conterem altos níveis de materiais facilmente biodegradáveis
(CHEN
et al.
, 2008). Em relação à geração de biogás a partir da fração orgânica dos resíduos
sólidos urbanos (RSU), reduziria o volume dos aterros sanitários bem como a emissão de
gases poluentes, visto que nos dias de hoje 58,4% dos resíduos gerados no Brasil são
destinados aos aterros sanitários, conforme indica o panorama de resíduos sólidos no Brasil
elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2015).
Dentre os diversos tipos de tratamentos de resíduos disponíveis, a digestão anaeróbia
(DA) sob condições controladas é uma tecnologia apropriada para o tratamento da fração
orgânica de resíduos sólidos urbanos, e vem sendo empregada principalmente na Europa. A
baixa produção de biossólidos, o baixo consumo de energia e as altas taxas de produção de
biogás tornam a tecnologia uma importante fonte de energia renovável (SHAHRIARI
et al
.
2012).
De acordo com Baere e Mattheeuws (2008), a vantagem mais importante continua
sendo o fato que a digestão anaeróbia permite a recuperação de energia renovável a partir de
resíduos orgânicos. O atual aumento dramático dos preços da energia e a perspectiva de
energia renovável a partir de um gás de efeito estufa, irá estimular ainda mais, a
implementação da tecnologia de digestão para o tratamento de resíduos sólidos orgânicos, e
assim substituindo o tratamento aeróbio convencional.
A digestão anaeróbia é um processo no qual os microorganismos decompõem a
matéria orgânica na ausência de oxigênio, além de ser considerada uma fonte de energia
renovável tendo em vista que o biogás produzido é rico em metano, adequado para produção
de energia, podendo substituir os combustíveis fósseis (CURRY e PILLAY, 2012).
O controle da digestão anaeróbia de material orgânico é ambientalmente benéfico por
conter os processos de decomposição num meio ambiente fechado, o metano potencialmente
prejudicial é impedido de entrar a atmosfera, e posteriormente, a queima de gás liberta
dióxido de carbono neutro de volta para o ciclo do carbono. Outro fator relevante é que a
energia adquirida a partir de combustão do metano irá deslocar combustíveis fósseis,
reduzindo a produção de dióxido de carbono que não faz parte do ciclo do carbono recente
(Ward
et al.,
2008).
Tem-se no aproveitamento energético do biogás, uma forma para redução dos
impactos ambientais gerados na implantação de aterros sanitários. A separação da fração
putrescível dos RSU permite que se observe uma redução da área a ser utilizada para a
construção, pois esses resíduos deixarão de somar volume quando dispostos.
No que diz respeito ao aspecto econômico, a produção de biogás pode contribuir para
o quadro energético brasileiro, tendo em vista que é uma energia renovável, onde o metano
pode atuar como substituto de fontes fósseis. Além de vantagens econômicas e sociais, existe
um grande benefício devido à diminuição de emissão de gases do efeito estufa, assim como
uma redução significativa na geração de lixiviado nos aterros sanitários. Desta forma, esta
pesquisa possui grande relevância social, econômica e ambiental.
8.2
MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa estudou o uso da biodigestão anaeróbia como opção para o
tratamento da fração orgânica biodegradável dos RSU coletados após a esteira de triagem,
visando à produção de biogás.
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