109
8
BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA FRAÇÃO PUTRESCÍVEL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
(
FRANCINE SCHULZ, NEURI
REMPEL, MIRELA MIORIM, LUIS ALCIDES S. MIRANDA, LUCIANA
PAULO GOMES)
RESUMO
: O aproveitamento energético da fração putrescível dos resíduos sólidos urbanos
(RSU) para geração de biogás é uma alternativa viável para minimizar os impactos ambientais
causados pelo acúmulo e disposição destes resíduos nos aterros sanitários. A digestão
anaeróbia, sob condições controladas, pode maximizar o rendimento e a qualidade do biogás
produzido. Dentre os parâmetros controlados o pH, alcalinidade, ácidos graxos voláteis e a
temperatura de operação são fundamentais para a otimização do processo. O objetivo do
presente estudo foi determinar as condições operacionais adequadas para a obtenção do
melhor rendimento na produção de biogás, utilizando como substrato a fração putrescível
separada na central de triagem do aterro sanitário do município de São Leopoldo/RS. O
experimento foi executado em um reator anaeróbio com volume de 50L, operado em batelada
com mistura intermitente. Antes de cada batelada a fração orgânica putrescível do resíduo
sólido urbano (RSU) foi triturada mecanicamente e caracterizada para adição ao reator. Foram
realizadas5 bateladas, utilizando diferentes taxas de carga orgânica e diferentes volumes de
inóculo, buscando estabilizar o pH do sistema dentro da faixa ótima de processo e, também
aumentar o volume de produção de biogás. A fração orgânica de RSU demonstrou possuir um
elevado potencial de degradação e produção de biogás, com mínimo de 6,71 e máximo de
22,45 m³ biogás/t RSU. O teor de metano ficou entre 70% e 80% durante o processo, mesmo
quando o pH tendeu a faixa ácida apresentando-se entre 5,5 e 5,6. Em todas as bateladas
experimentais foi observada tendência do reator em acidificar, dificultando a manutenção do
pH dentro da faixa ótima de processo (6,8
–
7,2), o que levou a queda na produção de biogás.
As cargas orgânicas aplicadas quando consideradas isoladamente como variável não
pareceram influenciar substancialmente no volume final de biogás produzido nas bateladas,
mas sim, na dificuldade de manutenção do pH na faixa ótima para digestão anaeróbia.
Palavras-chave:
Biogás. Digestão anaeróbia. Resíduos Sólidos Urbanos. Biorreator.
8.1
INTRODUÇÃO
A perspectiva de um planeta mais sustentável com menor impacto ambiental
ocasionado pela população pode ser notada por meio de inúmeras alternativas que estão sendo
desenvolvidas, visando um melhor aproveitamento de fontes de energias renováveis. O Brasil
possui um dos maiores e melhores potenciais energéticos do mundo, apresentando reservas de
combustíveis fósseis relativamente reduzidas, porém com potenciais hidráulicos, de irradiação
solar, de biomassa e de força dos ventos suficientemente abundantes para garantir a
autossuficiência energética do país. Contudo, é preciso que estas fontes sejam utilizadas de
forma racional, tendo em vista o crescimento da demanda, escassez de oferta e restrições
financeiras, socioeconômicas e ambientais (ANEEL, 2008).
Uma fonte de energia alternativa considerada atrativa para as condições brasileiras é a
geração de biogás. O biogás reduz os gases causadores de efeito estufa e contribui com o
combate à poluição do solo e dos lençóis freáticos (ANEEL, 2008).
Atualmente, pode-se gerar biogás a partir de resíduos provenientes da atividade
agrícola, dejetos de gado leiteiro e suínos, lodos de estações de tratamento e também com
resíduos orgânicos domiciliares. Muitos resíduos agrícolas e industriais são candidatos ideais
117