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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

a palavra dos outros sujeitos. Já quem fala e jamais ouve, se-

gundo Freire (1983), imobiliza o conhecimento e o transfere

aos educandos.

Nesses movimentos de ouvir e falar, é importante es-

tar atento aos níveis de compreensão dos educandos em

relação à realidade. “Impor a eles a nossa compreensão em

nome da sua libertação é aceitar soluções autoritárias como

caminhos de liberdade” (FREIRE, 1983, p. 31).

Daí que a proposta freiriana compreende que assu-

mir a ingenuidade dos educandos demanda dos educa-

dores a humildade necessária para assumir a criticidade,

superando a própria ingenuidade. De maneira contrária, os

autoritários, aqueles educadores os quais negam a solida-

riedade na relação educativa, principalmente no ato de ser

educado pelo educando, separam o ato de ensinar do ato

de aprender.

Para esses educadores, compreende-se que é preciso

reconhecer os educandos como sujeitos no processo da

construção do saber e não, apenas, como seres acomoda-

dos a uma situação, bem como, reconhecer que o conhe-

cimento está para além de um dado concluído, transferido

por alguém que o adquiriu para outro que ainda não o

possui.

Aceitar o processo educativo como um quefazer puro,

crendo na neutralidade da educação, reforçará uma visão

ingênua dessa, na qual o ser humano assume uma conota-

ção abstrata, mantendo, quando muito, obras assistenciais

e humanitárias a favor de um sistema maior. De mesma

maneira, a visão ingênua propõe que o processo educativo

proporcione “[...] carne e espírito ao modelo de ser humano

virtuoso que, então, instaurará uma sociedade justa e bela”

(FREIRE, 1983, p. 33).

Retoma-se a importância de que o educando esteja

inserido no processo educativo, em um processo criador, no

qual se constitui como sujeito. Quando Freire discute so-

bre o rótulo atribuído ao analfabeto, o faz questionando o

caráter mágico da palavra escrita, vista como se fosse uma