XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
de modo dialético, de cá para lá e de lá para cá, respeitosa-
mente entendo que os sujeitos que ali estavam, tinham pre-
ciosidades que contribuíram para esse processo e para com
o aprofundamento da educação popular através do Paidéia.
É necessário, portanto entender que o Paidéia não era e não
é um espaço perfeito, a “menina dos olhos” da educação
popular, aonde a roda é reinventada em cada atividade que
se desenvolvia. Claro que não! Há uma tendência fortíssima
a se trabalhar com a perspectiva teórica da educação popu-
lar, e através de espaços de formação integrados por edu-
candas e educadores, tentar compreender o que é a educa-
ção popular e o que ela significa para nosso contexto. Temos
que compreender as nossas limitações e nossas situações
limites. Nossas dificuldades podem nos levar além se tiver-
mos a vontade de avançarmos. Não queremos uma educa-
ção popular pusilânime, covarde e descompromissada com
a sua raiz, e por isso, é necessário entender que mesmo na
tentativa de almejar a transformação, e nesse engajamento,
por vezes exercemos e produzimos coletivamente ou indivi-
dualmente aquilo que tanto combatemos. Trago um trecho
da fala de um dos sujeitos que compartilhou suas impres-
sões sobre o Paidéia, e que elenca situações contrárias a um
projeto de emancipação e humanização:
Não praticar essa educação bancária, que o Freire
fala muito, não chegar depositando os conteúdos,
não que eu acredite que ...alguns professores ali...é
como ele fala, as vezes eles nem sabem que eles es-
tão fazendo isso, mas eles estão fazendo entende?
Ele fala isso nesse livro a Pedagogia do Oprimido,
que as vezes o professor que tá tendo essa atitude,
ele nem sabe que ele tá tendo, ele que acha que
tá fazendo certo mas não tá, ali eu vi muito isso,
principalmente na área das exatas, uma coisa muito
forte na área das extas, o professor não consegue
ter um diálogo com o aluno entende? (...) professor
ele era um crânio ...o cara chega ali e ...praticamente
nos vomitava as coisas no quadro ... e a embora.
Isso aí é uma coisa...talvez ele não tivesse consciên-
cia de que ele tava fazendo isso, mas ele tava. E
acabava que não ensinava as coisas pra gente as-