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EIXO 14 – PAULO FREIRE: ARTE E CULTURA POPULAR

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

por um mundo interior rico de sensações, de percepções, em

suas andanças pela casa onde vivia, pelo quintal, pela presen-

ça, entre outras, dos pais, dos irmãos, das árvores, dos ani-

mais domésticos, dos pássaros, das flores, entre outras coisas.

Um menino marcado por uma escolarização inicial que não o

afastava das coisas do seu ambiente de vida.

As minhas indagações recorrentes: seria espontânea a

decisão que levava os pais, que levava a professora Eunice,

a assumirem, em plena década de 1930, a mesma postura

educativa respeitosa aos saberes do aluno? Haveria algum

legado pedagógico capaz de garantir aquela orientação

marcante para o menino Paulo Freire? Seria aquela expe-

riência, como ele até chegou a cogitar, simplesmente uma

traição da memória? Como teriam seus pais e a professora

Eunice escapado das armadilhas tradicionais das “lições de

leitura”

2

? Lembrar que Paulo Freire (ibid., p. 16-17) utiliza a

expressão “lições de leitura” ao se reportar à sua condição

de jovem professor de português, com apenas 20 anos de

idade, preocupado em cultivar a curiosidade de seus alunos.

As “Lições de leitura” também não corresponderiam ao que,

antes, experimentara como aluno no curso ginasial, com o

jovem professor de português, José Pessoa, este que pro-

porcionava uma leitura crítica dos textos. “Lições de leitura”

correspondia ao oposto do desvelamento do objeto como

desafio à curiosidade e à criticidade do aluno em sala de

aula. Estaria mais para uma memorização passiva do objeto

de estudo, ou mesmo de uma submissão a bibliografias ex-

tensas, mais como ato de consumo, de assimilação, do que

de atividade criativa ligada ao universo cultural do aluno.

O MANUAL PRIMEIRAS LIÇÕES DE COISAS EM LÍNGUA

PORTUGUESA E A VISÃO PEDAGÓGICA DE RUI

BARBOSA

Este trabalho tornou-se, portanto, um balanço do que

renderam as indagações em torno do livro A importância do

2

“Lição de leitura” aparece três vezes na obra citada (FREIRE, 2006, p. 16; p.

17; p. 57).