Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1707 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1707 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1707

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

estudos seguiram basicamente dois caminhos: um que en-

tende a linguagem como paradigma lógico-matemático

na construção de sistemas formais; outro que a considera

como sistema simbólico de comunicação, valorizando o

significado da experiência humana social e cultural, cons-

tituído a partir da interação entre os homens,

é este último

caminho que vai permitir uma compreensão do papel da

linguagem nas ciências humanas: a linguagem entendida

como discurso, no qual se privilegia a natureza dialógica

e o processo interativo. As ciências humanas passam a ter

a dimensão de ciências da cultura e supõem a centralida-

de da linguagem: a cultura é um conjunto de significados

simbólicos. Neste terreno, a obra de Bakhtin – o Círculo de

Bakhtin - trata a linguagem não como um sistema abstrato,

mas como um diálogo cumulativo, uma criação coletiva. Se-

gundo Bakhtin, não existe uma realidade de linguagem fora

do diálogo entre o eu e o outro, este dialogismo constitui

o eixo central de sua teoria. A linguagem assume, na obra

de Freire, o caminho de invenção da cidadania, na supera-

ção das condições iniciais pela ampliação da visão crítica do

mundo, pelo desvelamento das contradições da realidade,

pela aquisição de uma postura inquiridora diante do mun-

do, pela compreensão de seu papel de sujeito histórico, que

faz a história e que é capaz de reconstruir um conhecimento

que venha se opor à visão dominante do mundo. Segundo

Bakhtin, o homem é histórico-social. A compreensão ver-

bal é processada pelo homem a partir de sua ligação com

a vida. Um enunciado se produz num contexto que é so-

cial, sempre dialógico, sempre uma relação entre pessoas.

A experiência discursiva individual vai se formar na intera-

ção com os enunciados individuais alheios. Neste sentido,

um enunciado está repleto de matizes dialógicos, e nosso

pensamento será fruto de uma interação com pensamentos

alheios; a palavra outrem que se torna palavra própria. Não

se pode, portanto, ignorar a relação dialógica do enunciado.

Em caso contrário, estaríamos ignorando a relação entre a

linguagem e a vida, questão fundamental nas obras de Ba-