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EIXO 8 – PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Mas que escola é esta inventada? Onde estão escon-

didos seus anseios? Em sótão está guardado o cuidado com

os seres que nela convivem? Em que silêncios estão recalca-

das as ousadias? Que medos guardamos nos cômodos des-

ta escola inventada? Quem pode enfim abrir esta caixa de

pandora e deixar ir embora, pra muito longe, os males deste

projeto de medo e exclusão? Porque aceitamos esta inven-

ção de escola, que compra pacotes prontos, mas não deixa

espaço para o sentir, o vivenciar, o experienciar.

Pensamos que deixar ser, permitir a ousadia, seria por

demais arriscado para o projeto de sucesso, maquiado por

esta escola inventada?

Então, queridos e queridas educadores e educadoras,

ousamos abrir a porta desta escola inventada, para espiar

seu interior, para buscar nela espaços de refúgio, de aco-

lhida, de energia, de luta e de resistência. É Paulo Freire...

são tempo sombrios. Tempos que nos lembram muito seu

exílio. Estamos também exilados, presos neste sistema de

enquadramento, mas você mesmo nos disse que ‘questio-

nar é fascinante’ (FREIRE, 2009,p.76) e, por isso, temos tantas

questões e tão poucas possíveis respostas.

Ousamos entrar nesta casa, caminhamos receosos, ta-

teando no escuro, já que as luzes foram apagadas, as cor-

tinas fechadas, e o sinal de

wifi

inexiste. Será que é agora

que deveríamos nos esconder debaixo de alguma cama?

Será que deveríamos sair correndo até algum espelho, na

esperança de, mesmo no escuro, visualizarmos ao menos

um reflexo do que somos dos nossos inéditos, que até tão

pouco tempo sonhávamos serem viáveis? Sabe, mestre Frei-

re, adentrar nesta escola inventada, deu-nos um impulso de

luta, de pensar brechas para encontrar as janelas e abri-las,

de vencer o que você mesmo nos ensinou sobre o medo.

Este sentimento insano e paralisador, este sentimento que

rouba-nos a ousadia, que nos paralisa e que por vezes até

nos faz acreditar, ainda que por um curto tempo, que somos

mesmo incapazes de nos opor a tão inteligente plano de

domínio de nossa liberdade, de nossa capacidade de indig-

nação, de nosso desejo de liberdade.