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EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

A Campanha foi um acontecimento de extrema comu-

nhão, transformou os indivíduos em sujeitos de seu próprio

conhecimento, em sujeitos de sua história. O projeto de so-

ciedade no qual ela estava inserida fazia sentido para os\

as alfabetizandos\as. Mais do que os fins a que se queria

chegar, o próprio processo da campanha foi educativo, o

que torna essa experiência original. O seu maior mérito foi

ter promovido uma ampla e democrática comunicação en-

tre os indivíduos, a classe média urbana foi ao encontro dos

camponeses para ensiná-los, e, a partir desse encontro, foi

possível evidenciar as contradições sociais geradas por dé-

cadas de capitalismo imperialista na ilha.

A sociedade cubana se permitiu ser autodidata. Todos

estavam aprendendo, juntos, trabalhando pela construção

de uma possibilidade de futuro. A forma como se organi-

zou a campanha permitiu a inserção dos indivíduos como

agentes conscientes de seu papel histórico, reunindo-os em

torno de um projeto coletivo de nação.

Cuba fez parte das andanças de Paulo Freire pelo

mundo, contudo seu pensamento pedagógico foi alvo de

desconfiança no mundo comunista por muito tempo. Inco-

modava à Esquerda Ortodoxa o fato de Freire ser cristão e

construir, por este motivo, um método que não se descolava

de sua fé. Este método tinha uma perspectiva descoloniza-

dora, que tinha por premissa o fato da educação estar ligada

a uma lógica opressora de sociedade, uma pedagogia “ban-

cária”, e por este motivo se faz necessária a criação de uma

pedagogia dos oprimidos.

A Revolução Cubana é anterior à sistematização dos

conceitos freireanos, mas adotou uma metodologia que

Paulo Freire, posteriormente, sistematizou. Ele não inventou

do nada. Ele escolheu a história das práticas políticas na his-

tória humana. Fez uma sistematização do conhecimento da

história das práticas de trabalho com os povos, sobretudo,

do conhecimento das práticas sociais. Por aí veio a matéria-

-prima de sua metodologia pedagógica. Eis o elo de diálogo

entre o método e a experiência.