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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS

em início de constituição de sua professoralidade, em seus

primeiros movimentos como docente, em sua doce-docên-

cia de quem inaugura-se, pelas primeiras aulas de sua vida

como docente, e emociona-se, profundamente, a cada vez e

a cada voz que uma de suas crianças de 9 anos, em média,

grita-lhe: _ professora! Cada carta dessa obra será olhada,

registrada, escrita por essa emoção e essas primeirices de

também se tornar uma professora, em plena juventude da

sua vida. As demais escritas, costuras e colaborações vêm

de uma professora com uma experiência de mais de trinta

anos com as Infâncias e uma jovem professora, mas autora

de muitas bonitezas em relação às Infâncias e às defesas do

brincar na vida, na terra, com a vida que há nos quatro ele-

mentos da natureza. Em composê muito afetivo, três gera-

ções de docências se encontram e produzem esse trabalho.

A PRIMEIRA CARTA – OUTONO DE 1967

A partir da leitura, reflexão e pesquisa do livro “A casa

e o mundo lá fora’’ de Nathercia Lacerda, é possível analisar

o quanto Paulo Freire, em sua primeira carta para sua prima

de nove anos, dedica-se em mostrar um pedaço do mundo

em que ele, agora, habitava. Nessa carta, Freire conta coisas

sobre a natureza, sobre o lugar em que estava vivendo, o

Chile, explicando a existência de outras culturas, outros lu-

gares, outras línguas.

(...) Será muito bom quando um dia você puder vir

a Santiago. Então, não só você conhecerá outro pe-

daço do mundo, como verá outras gentes, que fa-

lam outra língua, que não é a sua, que tem outros

costumes. Mas, sobre tudo, você verá a nós e nós

a você (…). É bonito ver a neve caindo em cima da

gente. Caindo em cima das árvores. As árvores ficam

branquinhas. Parecem até umas velhinhas, bem ve-

lhinhas, que já não podem ficar em pé (...). Um dia, eu

fui ver a neve cair de perto da casa azul onde moro.

Saí de dentro do carro todo agasalhado, com capote,

chapéu, luvas, porque fazia muito frio, e fiquei ma-

ravilhado como você fica quando mamãe ou papai

trazem uma boneca para você (2016, p.50).