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1868

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

sem ruptura. Desse modo não é possível dizer que há uma

totalidade universal – macro ou micro situada, pois não há

uma parte que se encontra definitivamente dentro (subjetivi-

dade) e outra fora (objetividade). A

totalidade

na fenomeno-

logia existencial, neste contexto, não é uma categoria dado

seu conteúdo transcendental, mas uma dimensão que acolhe

a ambiguidade inerente ao ser, ao mundo e suas (inter) rela-

ções como totalidades impossíveis de serem sintetizadas.

Neste sentido a

totalidade

encontra na expressividade

do corpo possibilidades de questionar/enfrentar os totali-

tarismos que cindem dimensões que deveriam ser inexora-

velmente unidas. Dialoga com Freire (1996) quando ele diz

que “O homem existe –

existere

– no tempo. Está dentro.

Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso

a um tempo reduzido a um hoje permanente que o esmaga,

emerge dele. Banha-se nele. Temporaliza-se” (p. 49).

O sentido de quiasma em Merleau-Ponty é uma di-

mensão que representa bem a noção de totalidade feno-

menológica, um movimento sem fissuras, sem sínteses, mas

como complexos inteiriços e densos, porém singulares e

incompletos. Neste, um exemplo são os sentidos que o si-

lêncio pode assumir (ora opressão; ora resistência; ora estra-

tégia; ora dor).

O quiasma trata da abertura polissêmica dos senti-

dos e mais sentidos que as palavras, conceitos, práticas e

dimensões podem possuir. Neste sentido, o olhar lançado

está umbilicalmente relacionado com o contexto da corpo-

reidade situada existencialmente e localizada historicamen-

te, ou seja, configura-se numa relação ontológica antes de

epistemológica. Desse modo não é possível dizer que há

uma totalidade, mas totalidades que por vezes são comple-

mentares, por vezes antagônicas.

Conforme Passos, é a partir de uma transcendência

para baixo, “no encontro radical com a carne original do ser”

(PASSOS, 2014, p. 44) que se promove a (re) produção dos

sentidos sempre provisórios, parciais, inéditos em sua cor-

poreidade, totais em suas inter-relações. Sobre esta com-