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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

ciência não é ainda a conscientização, porque esta consis-

te no desenvolvimento crítico da tomada de consciência”

(1979, p.26). Mas como tomar consciência criticamente? De

que forma oportunizar um processo conscientizador? Freire

aponta o caminho da conscientização norteado pela educa-

ção, mas não por qualquer educação.

De acordo com Kronbauer (2017, p. 86), considerando

a consciência na perspectiva da fenomenologia, caracteriza-

da pela intencionalidade e entendida como a “misteriosa e

contraditória capacidade humana de distanciar-se das coi-

sas para fazê-las presente” (FIORI, 1970, p.14), é que Freire

apresenta uma forma de educação pautada pela conscienti-

zação. Ao falar do homem brasileiro e sua historicidade, sa-

lienta que para alguns homens falta “teor de vida em plano

mais histórico” (1980, p. 59) no sentido da sua existência.

De acordo com Fiori, “educação e conscientização se

implicam, mutuamente” (1991, p. 65), educar é conscientizar.

O processo de conscientização é pautado pela educação, e

a posição inicial desse processo foi chamada por Freire de

“intransitividade da consciência” (1980, p. 59).

Freire (1980) entende a intransitividade como uma fal-

ta de compromisso do homem com sua própria existência

no mundo, um fechamento em si mesmo, um plano de vida

mais vegetativo que dificulta seu discernimento. O processo

de educação permite ao ser humano ampliar seu campo de

compreensão para além das peculiaridades da esfera orgâ-

nica da vida.

Conforme Freire, o homem se “transitiva”, na medida

em que “seus interesses e preocupações, agora, se alongam

a esferas mais amplas do que à simples esfera vital” (1980,

p. 59), ou seja, ele percebe seu entorno e passa a dialogar

consigo e com o mundo, se permeabilizando e se compro-

metendo.

A esse momento inicial de transição, Freire chamou

“transitividade ingênua”, caracterizada pela “simplicidade na

interpretação dos problemas”, pelo “gosto acentuado pe-

las explicações fabulosas. Pela fragilidade na argumentação.